segunda-feira, 12 de maio de 2008

Apologética da Subjetividade

Há muitos livros que tratam acerca da apologética cristã. Li muitos, e, em todos, percebi uma característica comum: O estreito domínio da razão objetiva. São muitos os argumentos que visam provar a existência de Deus e nesta oportunidade não vou elencá-los. Eles são de domínio público, alguns são bastante complicados e, outros, surpreendentemente claros e indiscutíveis. Todos esses argumentos são de ordem técnico-teórica, ou seja, lançam mão das evidências observaveis e respeitam o caráter científico da busca pela verdade.

Não pode haver uma crença sincera sem o uso da razão. Precisamos saber por que cremos, entender a razão que nos leva a determinadas crenças. Não podemos compactuar com uma tendência nefasta de antiintelectualismo ainda reinante em nossas igrejas, mas é irresponsabilidade não aceitarmos que nossa vida cristã é fundamentada na fé e não, exclusivamente, na razão. Isso não implica que nossa fé seja irracional. Não precisamos sacrificar o intelecto para conceber uma verdade espiritual, no entanto, não podemos elevar, sobremaneira, a condição da razão objetiva em detrimento de nossas experiências subjetivas.

Objetividade e Subjetividade. Objetivo faz alusão ao "objeto". A coisa externa que analisamos e avaliamos segundo nossa razão. Subjetivo está relacionado ao "sujeito". Aquilo que experimentamos em nós e, não por nós. Costuma-se colocar em xeque todo argumento racional que visite a interioridade, que trate acerca de nossas experiências. Isso se deve aos valores relativistas de nossa sociedade. "O que é bom para mim, pode não ser bom para você".

Acredito que minhas experiências cristãs, meu coração quebrantado, os milagres que testemunhei e as bençãos que recebi, sejam critérios pouco valiosos para convencer um ateu que Deus exista. Sem desmerecer o papel importantíssimo da Apologética Cristã, eu me pergunto: Preciso realmente convencer alguém intelectualmente? E quando enfrentamos a resistência volitiva diante do Evangelho? Nenhum argumento convincente basta quando alguém simplesmente não quer crer.

"Meu mais recente esforço de fé não é do tipo intelectual. Eu realmente não faço mais isso. Mais cedo ou mais tarde você simplesmente descobre que há alguns caras que não acreditam em Deus e podem provar que ele não existe e alguns outros caras que acreditam em Deus e podem provar que ele existe - e a esse ponto a discussão já deixou há muito de ser sobre Deus e passou a ser sobre quem é mais inteligente; honestamente, não estou interessado nisso." *

O Argumento da Subjetividade não pode mais ser negligenciado. As experiências vividas com Deus são provas de sua existência. Conhecemos um Deus criador de todas as coisas e que se relaciona com o homem. Não dizemos simplesmente que cremos em um Deus, teologicamente, teísta, mas que experimentamos, conhecemos, adoramos esse Deus. Este argumento pode ser facilmente falseável, em outras palavras, alguém poderá dizer que sente algo sem sentir. Então, por isso, este seja um argumento inválido? Seria impróprio, para certos debates filosóficos, mas para destacarmos a real presença de Deus em nossas vidas, certamente não.

Se houver mentira em alguém afirmar que "sente a presença de Deus", qual seria o dano desta afirmativa? Com que intenção alguém diria isso? Para demonstrar uma espiritualidade? É possível! Será que esta pessoa conseguiria adeptos desta "falsa espiritualidade"? Somente pessoas insensatas e manipuláveis seguiriam uma pessoa assim. Lembremos que precisamos estar à luz da razão, mas nunca à margem da fé. O que sentimos, verdadeiramente, de Deus, refletirá em nosso ser, nossas palavras sinceras, nossa conduta e a ação do Espírito Santo em nossas vidas fazem parte do caráter subjetivo de uma apologética racional que precisamos nutrir.

Pela Graça e Conhecimento de Jesus
Prof. Leonardo Leite



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*Donald Miller é autor de Fé em Deus e pé na tábua, e Como os pinguins me ajudaram a entender Deus, ambos publicados pela Thomas Nelson Brasil.

2 comentários:

Levi B. Santos disse...

Caro Leonardo Leite

Descobri o seu blog "MENTEDECRISTO" agora a pouco.
É verdade que Paulo falou que nós temos a mente de Cristo, com também é verdade que ele falou: "...em minha carne não habita bem algum", o que aparentemente parece um paradoxo.

Será que somos realmente imprevisíveis e contraditórios a ponto de dizer como o apóstolo Paulo: "miserável homem que sou?"

Gostaria que você lesse o texto de minha autoria: " Se Eu Tivesse a Mente de Criso" no http://www.levibronze.blogspot.com e registrasse a sua opinião.

Graça e Paz,
Levi B. Santos

Leonardo Leite disse...

Paz e Graça!

Passei um tempo ausente das atividades do blog e retomando encontrei teu comentário. Agradeço muito a visita e tão logo leia o texto que você indicou deixarei também um comentário.

Desculpe a demora.

Grande abraço!